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    Transferência: técnica ou relação?

    • Autor Emília Amaral dos Santos, Maria
    • Ciclo Ciclo II
    • Ano 2018

    Transferências são reedições, reduções das reações e fantasias que, durante o avanço da análise, costumam despertar-se e  tornar-se conscientes, mas com a característica de substituir uma pessoa anterior pela pessoa do médico. Dito de outra  maneira: toda uma série de experiências psíquicas prévias é revivida, não como algo do passado, mas como um vínculo atual  com a pessoa do médico.  Algumas são simples reimpressões, reedições inalteradas. Outras se fazem com mais arte: passam por uma moderação do seu conteúdo, uma sublimação. São, por tanto, edições revistas, e não mais reimpressões. 

    (FREUD, 1969.v.7,p.109-19)

     

     

    A transferência tem ocorrência em suas várias formas e ao redor de todo o globo terrestre, considerada um fenômeno universal.  É a partir dela que as relações e as identificações se estabelecem, se concretizam ou se desintegram. Em sentido mais amplo, podemos dizer que afeta todas as relações, em maior ou menor grau, de forma consciente ou inconsciente. Ela pode ser percebida em tantos outros âmbitos da vida cotidiana. Nas empresas, nas relações com chefes e líderes, na nossa relação com professores, na relação médico-paciente e com isso,  vamos  percebendo que  a  transferência apresenta  funções  distintas em ambientes e nas relações humanas, e dessa forma ela se atualiza de acordo com a dinâmica entre os envolvidos.

    Mas é em Freud que vemos o conceito de transferência sendo descrito como algo fundamental à técnica psicanalítica e revelando-se como base para a relação analista-analisando no setting terapêutico. Este conceito, ao ser desvelado em vários pontos da obra freudiana, nos incide a ideia de que é essencial e se mostra necessário para o desenvolvimento da análise. Ao apresentar o conceito da transferência pela primeira em 1895 no “Estudos sobre a histeria”, descreveu sendo como um entrave ao processo, ao qual o paciente resistia em acessar o resíduo da sexualidade infantil que persistia ligada às zonas erógenas agora, na fase adulta.

    Com o passar do tempo, viu que a transferência se constituía como um caminho penoso porém necessário até que, escritos  entre 1910 e 1915 apresenta a valorização de tal conceito. Ao mesmo tempo que vê possibilidades na análise da transferência, Freud também levanta questionamentos sobre como esta se apresenta no setting e porquê surge como “a resistência mais poderosa ao tratamento” (FREUD, 1912, p. 130)

    Em primeiro lugar, não compreendemos porque a transferência é tão mais intensa nos  indivíduos neuróticos  em  análise  que  em outras pessoas desse tipo que não estão sendo analisadas. Em segundo, permanece sendo um enigma a razão por que, na   análise, a transferência surge como a resistência mais poderosa ao tratamento, enquanto que, fora dela, deve ser encarada  como veículo de cura e condição de sucesso.(FREUD,1912,p.130)

    Sendo  assim, mesmo  estando  no século  XXI,  tal conceito  força-nos  a pensar de forma intrigante, colocando nossa prática clínica à prova ao tentarmos entender, utilizar e manejá-la da melhor forma possível. A transferência, sendo descrita por vários autores psicanalíticos e por outras áreas das ciências sobre a  compreensão do  homem,  engloba uma  pluralidade  de significados  e  de manifestações tão diversificadas que talvez se justifique uma preferência pelo termo transferências, no  plural. Fixaremos nossa  articulação nas concepções psicanalíticas para ampliar, discutir e reapresentar este conceito de forma clara e objetiva.

    Em sua etimologia, o termo sempre indica uma ideia de deslocamento, de transporte, de substituição de um lugar por outro, ou de uma pessoa por outra, sem que isso afete a integridade do objeto. E neste sentido vemos que ao longo da análise, o paciente transfere à figura do terapeuta algo que “está nele” ou “o que é ele” e esse transporte é de algo que tomou algum tipo de representação no consciente e, para além do que é visto pelo próprio indivíduo, também com raiz no inconsciente. Ao analisarmos este conceito dentro do setting, percebe-se que  ele ocorre  na  medida em  que  a relação  entre  paciente e  analista  se estabelece e é influenciada por experiências passadas em ambos os lados. A transferência quando parte do terapeuta para o   analisando,  chama-se contratransferência porém,  deixaremos para abarcar este conceito em outra oportunidade.

    Como a transferência pode ser utilizada como ferramenta terapêutica? Como poderemos prever sua “aparição” e sob que forma? Entre psicanalistas, há pouco consenso sobre como reconhecê-la, como diferenciar suas formas e como interpretá-la. Sendo assim, sua observação se torna um tema complexo. Por alguns motivos (falta de experiência como analista, pouco conhecimento da técnica e da teoria psicanalítica, falta da análise pessoal do próprio analista), o analista  pode  não perceber  quando  ela surge  pela  primeira vez  e  quando percebe, ela já está ativa a algum tempo.

    Para  Freud, estes  fenômenos  transferenciais  que se  apresentavam  na análise foram chamados de “Neurose de transferência” e são, basicamente, a reedição dos conflitos neuróticos na relação com o analista. Ele explica que “o paciente não se recorda do que se esqueceu e recalcou, mas representa esse material” (1914), ou seja, a ação  – transferência para o analista  – substitui a relembrança. Portanto, o paciente reproduz o material recalcado não como uma memória, mas como uma ação (sem saber que o faz) pois  ele não consegue fugir a essa compulsão. Sendo assim, quando Freud se pergunta do que é feita a transferência ele mesmo responde, de forma indireta, que é amor. Continua dizendo que é a repetição, a reatualização da história dos nossos amores com os  nossos novos  encontros.  Os indivíduos  repetem  modalidades, afetos, identificações, demandas que formavam a experiência de amor até então com alguém  que  é um  novo  personagem, neste  caso,  o analista.  E  nessa nova experiência, aparece a resistência ao novo. Portanto, nessa relação terapeuta- paciente vão se infiltrando padrões antigos e que repetem a neurose de cada um. Sendo então, a transferência um concentrado das próprias neuroses.

    Com a formulação da segunda tópica, Freud ampliou bastante o conceito de transferência,  de  forma a  abarcar  nele, não  unicamente  a repetição  das lembranças  e pulsões  recalcadas,  mas também  a  participação de  figuras superegóicas e dos mecanismos de defesa do ego.  Não obstante a toda sua evolução  conceitual,  Freud sempre  se  mostrou algo  ambíguo  a respeito  da utilização da transferência. Suas opiniões variaram desde a afirmativa de que “a transferência  é o  mais  poderoso instrumento  da  psicanálise”  até a  opinião expressa em “Esboço de psicanálise” (1938), onde ele refere-se à transferência como ”ambivalente” (…) e pode ser uma fonte de sérios perigos”.

    Em  “Observações sobre o  amor de transferência” (1915), FREUD classifica as transferências em positivas (as amorosas) e negativas (as sexuais), as últimas ligadas às resistências. Sobre a transferência positiva Freud pontua: “Cada associação isolada, cada ato da pessoa em tratamento tem de levar em conta a resistência e representa uma conciliação entre as forças  que estão lutando no sentido do restabelecimento e as que se lhe opõe, já descritas por mim.” (FREUD, 1912, p. 115).  A  transferência positiva  é  compreendida em termos dos sentimentos de simpatia e afetivos conscientes, dirigidos à figura do analista e também inconscientes, sendo esses últimos de natureza invariavelmente erótica. Ambas (transferência positiva e  negativa) precisam coexistir sendo a condição para o tratamento analítico. Freud aponta que nas psiconeuroses, sentimentos afetuosos e hostis, conscientes e inconscientes ocorrem  lado a lado e são dirigidos simultaneamente para a mesma pessoa. Assim, repetir, resistir e elaborar são trabalhos que ocorrem neste espaço que engloba a dimensão da ambivalência.

    Independente das dúvidas e questionamentos de Freud, fato é que ele pensou,  de forma  inovadora,  como operar  e  usar a  transferência para curar sintomas, para descobrir a verdade dos desejos e reestoricizar a nossa experiência como sujeito. Finalizo com estas poucas, porém assertivas, palavras de Palhares (2008):

    Logo, a transferência emerge da vida, porque ela vai apontar para um infindável vir-a-ser; nesse sentido ela é estruturante. Na   clínica psicanalítica ela passa a ser acolhida como a tradução viva dos vínculos humanos , e é a partir daí que se enraízam a manutenção e a validade do tratamento.(PALHARES,2008)

    Aí está a resposta para o título desta breve reflexão: Transferência é uma técnica ou uma relação? Acontecerá nessas duas formas, impreterivelmente. Por parte do analista é usado, essencialmente, como técnica, ao qual facilita a relação entre paciente-terapeuta e a partir do paciente, temos a representação de seu mundo interno e de suas relações iniciais. E emerge a partir da fala. É da fala autêntica, da fala espontânea e da fala plena que a transferência é desencadeada. Toda vez que acontece a fala fluída (associação livre) do paciente no  processo  analítico, ela  (a transferência) tende a se desenrolar e acontecer. Vai se apresentar em suas várias formas: de amar e ser amado, de amar e odiar e de amar e construir indiferenças. Isso é relação, é afetividade, é análise, é transferência.

     

     

    Referências Bibliográficas: 

    FREUD,  S.  (1912) A dinâmica  da  transferência.  Obras Completas.  Rio  de Janeiro: Imago, 1976, 129-143. (Edição Standard Brasileira, Vol. XII. )

    FREUD, S. (1996). Esboço de psicanálise. In J. Strachey (Ed., & J. Salomão, Trad.), Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. (Vol. 23, pp. 157-221). Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1940 e escrito em 1938).

    FREUD, S. Pós-escrito do caso Dora. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago; 1969. v. 7, p. 109-19.

    FREUD, Sigmund (1914). O caso de Schreber, artigos sobre técnica e outros trabalhos. In:             . Recordar, repetir e elaborar (novas recomendações sobre a técnica da psicanálise II) (1915 [1914]). Tradução de José Otávio de Aguiar  Abreu. Rio  de  Janeiro: Imago,  1969,  p. 193-203.  (Edição  standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 12).

    PALHARES, Maria do Carmo Andrade. Transferência e contratransferência: a clínica viva. Rev. bras. psicanál [online]. 2008, vol.42, n.1 [citado  2018-10-15], pp. 100-111.

    ROBERT, P. F. P. Agressividade e transferência na clínica psicanalítica: de Freud a Winnicott. Disponível                   em:  <http://www.fundamentalpsychopathology.org/material/congresso2010/mesas_r edondas/MR45-Priscila-F-P-Robert.pdf>. Acesso em 15 out 2018.

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