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    Entrevistas Preliminares – Um entreato entre o que foi e o que será

    • Autor MIRANDA MATEUS, WALTER
    • Ciclo Ciclo IV
    • Ano 2020

    Tudo que é novo pode ser motivo de angústia. Quando sentimos que a novidade tem mais possibilidades de ser uma experiência prazerosa do que desprazerosa, a angústia pode ser suportada e conseguimos encarar o desafio. Por outro lado, a possibilidade de uma experiência de desprazer, pode nos imobilizar, nos fazer recuar ou até mesmo desistir da nova empreitada. A construção de um consultório é um processo lento e sem garantias. Os jovens analistas que se arriscam no oceano da arte psicanalítica terão de enfrentar suas ondas de insegurança se quiserem constituir um lugar de escuta em terra firme. É preciso aprender a nadar.

    não fosse isso
    e era menos
    não fosse tanto
    e era quase
    Leminskyi (2002)

    Quando falo em nadar, me refiro ao aprendizado da técnica psicanalítica. Mas ninguém aprende a nadar (ou a ser um analista) olhando nos livros como devem ser as braçadas do nado borboleta ou como fazer a respiração lateral do estilo crawl. Nos livros aprendemos a teoria da natação, na água aprendemos a prática. Assim como é a água que ensina o nadador, é o consultório que nos ensina a sermos analistas, por uma simples razão: é lá onde se dá o encontro. É onde recebemos os pacientes, e são eles que de fato nos tornam analistas.

    Claro que não desmereço aqui, a necessária compreensão dos conceitos teóricos e mais ainda, dos exercícios de prática preliminar, a saber: as supervisões, as horas clínicas, os debates, os seminários e as trocas com os professores. Sem todos esses, afogaríamos na primeira sessão, quer dizer, no primeiro mergulho.

    Temos ainda, como pré-requisito para se tornar analista, o percurso de análise pessoal. Jung, quando presidente da IPA, insistiu com Freud que somente os candidatos com um percurso pessoal de análise deveriam ser aceitos para a formação e exercício da psicanálise. Independentemente de serem filiadas à IPA ou não, essa tradição perdura nas melhores escolas de psicanálise, e não é sem motivo que. Se por um lado o processo de análise não torna a todos que o atravessam analistas, por outro, todos aqueles que querem se tornar analistas precisam passar pelo processo. A elaboração dos próprios complexos é de vital importância para quem se propõe a escutar os complexos alheios sem ser afetado por eles.

    Se uma boa parte dos nadadores aprendem a nadar em piscinas, ambientes controlados e aquecidos, é nas travessias marítimas, na natureza selvagem, onde se encontram as provas mais longas e difíceis. Para o analista, as entrevistas preliminares, ou tratamento de ensaio, como nomeou Freud, são as primeiras oportunidades de colocar em prática toda teoria arduamente estudada. Podemos pensar que algo entra em curso desde o primeiro contato do sujeito que nos procura, geralmente por mensagens de celular. Entendo que alguns colegas admitem que nesse momento já há
    transferência. Prefiro pensar na angústia, como citei no início. Talvez não uma angústia profunda, mas uma dose de ansiedade que se mostra nos detalhes, na definição de horário, local, nas perguntas sobre valor das sessões, etc. Devemos ser pacientes com nossos pretensos futuros pacientes, pois o caminho de aceitar que precisamos de ajuda
    com nosso sofrimento pode ser bastante árduo. Na minha experiência, essa aceitação, na maioria das vezes, só se dá quando o sofrimento está além do limite do suportável e começa a afetar as relações, o trabalho, os estudos e as questões familiares, entre outros. Ou seja, quando o cálculo neurótico falha.

    Da parte do analista iniciante, a ansiedade também pode aparecer e trazer alguns transtornos. Afinal de contas, depois de um longo período de treinos, alongamentos e aquecimentos na formação, é chegada a hora de colocar a touca de borracha, os óculos de natação e mergulhar de cabeça no mundo psíquico de quem nos procura sem saber a qual profundidade teremos que descer. Não raro, são mergulhos profundos em águas habitadas por monstros marinhos estranhos, criaturas míticas, oníricas, imagos e toda sorte de experiências traumáticas, violências e frustrantes. Como se preparar para tal empreitada?

    Há alguns livros e artigos que versam sobre o tema das entrevistas preliminares. Entre eles, há dois quero citar: “As 4+1 condições da análise” de Antonio Quinet e “Como trabalha um psicanalista?” de J-D. Nasio. Sem entrar em muitos detalhes, em ambos se destacam três coisas que precisam surgir das entrevistas. Ao término desse entreato preparatório para a instauração de um processo de análise, o psicanalista precisa ter, mesmo que com hesitação, um diagnóstico diferencial, uma ideia da relação e implicação do sujeito com seus sintomas (saber se há demanda para análise) e a instauração de uma relação transferencial. Acrescento ainda, como nos diz Nasio, deve-se fazer uma retificação subjetiva ao paciente. Esta última seria uma devolutiva ao paciente, de forma ainda inicial, mas que o localizaria na sua própria realidade trazida em seus relatos. Mais ainda, seria uma intervenção “no nível da relação do Eu do sujeito com os seus sintomas”.

    ““Minha impressão” quer dizer dar uma resposta, que consiste em restituir ao paciente
    alguma coisa da relação que ele tem com seu sofrimento. Isso é intervir sobre o próprio ponto em
    que ele o explica, e é levar em conta a maneira pela qual ele o faz, a teoria que ele tem sobre isso,
    o porque do seu sofrimento e como ele sofre.” Nasio (1999)

    Temos aí, apenas nesse recorte em dois autores, quatro funções para as entrevistas preliminares. Como adendo, Dunker (2011) escreve que valem, para as entrevistas, as mesmas regras e estratégias de uma sessão de tratamento embora ainda não se decidiu se haverá análise.

    Como vemos, para o analista que se inicia, não é tarefa das mais fáceis conseguir que todas as funções das entrevistas sejam cumpridas com assertividade. De todas, me parece fundamental que uma pergunta seja respondida, mesmo que provisoriamente: porque esse sujeito me procurou? Qual o motivo? Qual o caminho da decisão de recorrer a um outro? Sem isso, há uma probabilidade de que o processo sofra por ausência de direcionamento e tanto paciente quanto analista se vejam nadando em círculos.

    Se o paciente nos chega, qual um navio naufragado, cabe ao analista a tarefa de se preparar e descer, mesmo que em apneia, acompanhando o paciente, às profundezas do inconsciente e trazer à tona o sujeito outrora submerso em sofrimento. E tudo começa nas entrevistas preliminares.

     

    Referências bibliograficas:

    Dunker, Christian Ingo Lenz. Estrutura e constituição da clínica psicanalítica – Annablume, 2011.

    Nasio, Juan-David. Como trabalha um psicanalista? – Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1999.

    Quinet, Antonio. As 4+1 condições da análise – Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2005.

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