Seminário Teórico: O que se entende por intimidade em Psicanálise? – 2018

argumento
Em tempos de excessos, aceleração e dissociação, vemos emergir entre o esvaziamento do pensar e a compulsão ao fazer, um progressivo desamparo, individual e coletivo, típico do retorno à violência, à exclusão e às polarizações, visivelmente, reincidentes em nossos dias. No desencontro entre os saberes da religião, da política e da ciência, vemos instalar-se, insidiosamente, a transcendência do “Mercado” – “Consumo logo existo”, como a “nova máxima”; o corpo, o conforto e a segurança ocupam boa parte da cena social, veiculando modos de vida, signos de liberdade, ideais de felicidade e potência, com ofertas de soluções, supostamente, imediatas. No interior dessa lógica, todo aquele que não encontre “o caminho” está fadado ao fracasso. Assim, a fragilidade do ser cria e mantém legiões de excluídos. A “pós-verdade” do “não sujeito” banido do laço social, no interior do próprio laço, faz história ‘des’ subjetivando legiões de indivíduos, que nas bordas do social vagam como zumbis em busca de confiança, esperança e inclusão. Pode-se colocar as relações virtuais sustentadas pelas redes sociais, que modificaram a experiência de tempo e espaço, que intervieram na força do coletivo e também da massa anônima e que supostamente aproximam, mas que também, paradoxalmente, mantêm os não encontros, os ‘des’ encontros e ‘des’ enlaces, como o avesso da Intimidade? Nos primórdios da Psicanálise, era o sexual a neurose resultante da repressão da libido; na contemporaneidade, defrontamo-nos com os transbordamentos pulsionais e paradoxalmente com a afânise – o negativo do desejo. Seria possível invocar que – onde era a agitação maníaca e a indiferença – a Intimidade advenha?
objetivo
O mítico “Decifra-me ou te devoro” continua sendo o desafio do sujeito pós-moderno. O enigma sobre o qual desejamos nos debruçar é o da Intimidade – ponto de partida, além de ponte e fundamento do contato do sujeito consigo mesmo e com o outro, com fortes incidências sobre o contrato social. Recolocar a Intimidade como foco do laço, da inclusão e dos processos de subjetivação e ‘des’ subjetivação do sujeito será o nosso ponto de partida e fio condutor desse seminário.
programa
1. Fundação do eu e os afetos primários: amor, ódio e indiferença; a transferência e o inter jogo entre o narcisismo primário e secundário na constituição e manutenção dos laços (Freud)
2. Constituição, reparação e reconstituição do sujeito: a presença sensível do analista (S. Ferenczi)
3. A falha básica e o amor primário: dificuldades e favorecimentos na estruturação do sujeito, através da Intimidade – o novo começo e o analista não intrusivo (M. Balint)
4. Ética e estética na Intimidade da relação analítica: análise e contratransferência (M. Klein)
5. O verdadeiro e o falso Self; continuidade ou interrupção do Ser; comunicação e não comunicação com os objetos; vitalidade e autenticidade; aspectos do Self não comunicados (D. D. Winnicott)
6. O trabalho do negativo; função objetalizante e ‘des’ objetalizante e a estrutura enquadrante (A. Green)
7. Crença e relações de objeto: pulsão, fantasia e criação – laços e relações possíveis entre o mundo interno e o mundo externo (D. D. Winnicott e C. Bollas)
8. A solidão apropriada: capacidade de estar só, luto e representação, contorno e diluição no coletivo (J. M. Quinodoz)
9. A estruturação do eu e os objetos transformacionais; brincar, sonhar e pensar compartilhados (“talking like dreaming”); tempo e ritmo nos processos de subjetivação e constituição de Intimidade (Vitor Guerra)
datas
quartas-feiras | 25 de abril; 02, 09, 16, 23 e 30 de maio e 06, 13 e 20 de junho
horários | 20h às 22h
carga horária
18 horas (9 aulas de 2 horas cada)
dirigido
a psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, estudantes e profissionais das áreas da saúde
preço
três mensalidades de R$ 400,00
alunos do CEP: três mensalidades de R$ 350,00