Apresentação
Ernesto Duvidovich
Walkiria Del Picchia Zanoni
Unindo diversas experiências clínico-pedagógicas de seus diretores, o Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP) iniciou suas atividades em 1980. Gradativamente, foi estruturando uma identidade e articulando uma proposta própria dentro da crescente complexidade do campo psicanalítico.
Em 2024, completa 44 anos trabalhando na investigação clínica, na transmissão e na divulgação da Psicanálise.
Três eixos norteiam a proposta do CEP:
Uma formação pluralista que inclua todos os discursos desenvolvidos no campo conceitual freudiano. Reconhecemos que essa troca entre os discursos é um fenômeno profundamente enriquecedor no desenvolvimento de um referencial clínico-teórico singular e próprio a cada sujeito-analista. Assim, nossa ética deixa de estar submetida ao poder de um dogma único, seja teórico, seja institucional.
A consideração da Psicanálise como ciência independente, com seu próprio objeto de estudos, não subordinada a nenhum outro campo científico e, consequentemente, não sendo propriedade de nenhuma ciência-profissão-corporação, mas território específico, que requer uma formação própria.
A compreensão da formação como a integração do instrumental-conceitual-experiencial que capacite operar a escuta, não como atividade restrita a um ofício (consultório), mas levando em conta que seu objeto de estudo está presente em toda situação humana, torna a Psicanálise um instrumental potencializador nas diversas práticas sociais.
ANO 2024
Ernesto Duvidovich
Compartilho com vocês nosso projeto anual para 2024, fruto de muitos esforços e abstinências.
O que vocês encontraram enunciado neste anuário representa o intenso trabalho de muitas pessoas. Algumas estão aqui nomeadas no conteúdo, mas a maioria não. Eu diria que o que esta aqui é a “ponta do iceberg”; a figura que sobrou na condensação de todas as elaborações, conversas e pesquisas durante o ano anterior.
Há um diálogo entre o histórico e o atual da produção psicanalítica na medida em que estamos profundamente sensibilizados e atingidos pelos acontecimentos atuais (sociais, políticos, catástrofes climáticas, guerras, migrações, etc.) e suas consequências subjetivas.
Além desta programação priorizar a tentativa de nos prepararmos para lidar com as novas formas de sofrimento subjetivo e portanto com novas demandas e novas patologias. Outro eixo que esta presente é como estes acontecimentos produzem questionamentos e determinam transformações na própria posição do analista e sua prática clínica.
Não por acaso o ano inicia com a lembrança de nosso mestre Hélio Pellegrino e suas grandes contribuições para a dimensão política do pensamento clínico e logo continua com Vera Iaconelli abordando o tema: “Nascer no mundo hoje” e dentre muitos outros temas e convidados, finalizamos o ano trabalhando a presença das ideologias no setting analítico com Joel Birman.
A sustentação deste valioso conjunto de “peças únicas” esta na potência do trabalho coletivo, muita discussão e muito diálogo onde continuaremos investindo na coexistência pacífica das diferenças e no exercício do pluralismo: o antídoto das tendências a violência, a intolerância e aos preconceitos. A "todxs", o nosso agradecimento pela constante colaboração na transmissão da Psicanálise. Espero que aproveitem!