CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos | Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por SD Tecnologia
A função do irmão em psicanálise
            
            Já se tornou lugar comum na psicanálise contemporânea a idéia de uma certa
            falência da função paterna, pelo menos nas modernas sociedades ocidentais. A
            própria criação da psicanálise é tributária deste dito enfraquecimento do
            “pai”: as formações sociais características das democracias modernas, em que os
            modos de sustentação da Lei e da autoridade encontram-se pulverizadas numa
            multiplicidade de instâncias simbólicas, produzem o sujeito neurótico, que se
            acredita autônomo e responsável (portanto, culpado) pela construção de seu
            destino. Diante desta modalidade contemporânea do desamparo e também das
            possibilidades de perversão do laço social que se abrem onde aparentemente
            falta o pai, é frequente que se invoque a necessidade de figuras fortes de
            autoridade e de encarnação imaginária da Lei.
            
            Este livro nasceu da vontade compartilhada de problematizar a função paterna no
            mundo contemporâneo, trazendo para a discussão teórica a função dos
            semelhantes  cuja primeira encarnação na
            vida subjetiva é o irmão – não só na constituição do sujeito como também na
            formação do laço social. O mito freudiano é claro a este respeito: quem
            instaura a Lei, na sua forma civilizatória, não é o pai real (o pai da horda
            primitiva, com a arbitrária lei de seu próprio desejo) mas a comunidade dos
            irmãos, motivados pela culpa e o desamparo que sucedem o assassinato. Mas a Lei
            não é uma simples reedição do desejo do pai morto: é criação dos irmãos e tem a
            dupla função de interditar o gozo, mas permitir o prazer. Quem faz a função
            paterna são os irmãos, assim como cabe a eles sustentar a vigência da lei.
            
            Assim, a coletividade dos irmãos carrega tanto um potencial de transgredir a
            lei encarnada pelo pai opressivo e aterrorizador, quanto de criar algo novo,
            uma nova forma da lei que permita a existência e a expansão de cada um em troca
            de uma mesma renúncia exigida de todos. Além disso, é entre os irmãos, que se
            unem para contestar o desejo do pai em nome da diversidade de suas vontades,
            que emergem as várias expressões da semelhança na diferença. Isto abre um vasto
            campo identificatório no qual os sujeitos são convocados a transitar, podendo
            assim livrar-se da ilusão de uma identidade individual – ilusão de que cada um
            deve ser idêntico ao filho desejado pelo pai, matriz da intolerância e do narcisismo
            das pequenas diferenças.
            
            A primeira sessão de “A Função Fraterna” contém artigos que tratam da função
            dos irmãos nas formações sociais próprias da democracia: a legitimação da
            autoridade, as recriações revolucionárias e o funcionamento das instituições.
            Na segunda parte, os artigos abordam o papel da frátria como criadora de novas
            formas de linguagem, e de algumas figuras fraternas que povoam a produção
            cultural contemporânea, tanto internacional quanto brasileira.
            
            data
            sábado | 07 de abril de 2001
horários
das 10h Às 13h
            
            preço
            Até o dia 30/03/01: R$ 100,00 / Alunos do CEP R$ 80,00
            A partir do dia 02/04/01: R$ 120,00 / Alunos do CEP R$ 100,00