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Desenvolvido por SD TecnologiaA atualidade do tema do ressentimento é clínica, e também
política.
O ressentimento não é uma estrutura clínica, e também não se confunde
rigorosamente com um sintoma, embora se possa considerá-lo como uma solução de
compromisso entre dois campos psíquicos, o do narcisismo e o do Outro.
O ressentimento é uma constelação afetiva que serve aos conflitos
característicos do homem contemporâneo, entre as exigências, as configurações
imaginárias, próprias do individualismo, e os mecanismos de defesa do eu a serviço
do narcisismo.
A lógica do ressentimento privilegia o indivíduo ao mesmo tempo em que não o
responsabiliza por suas escolhas. Ressentir-se é, sempre, atribuir a um outro a
responsabilidade por nossos atos e decisões.
O aspecto clínico do ressentimento articula-se a um aspecto moral, chamado por
Freud de “covardia moral do neurótico”.
O ressentido seria aquele que renuncia a seu desejo em nome da submissão a um
outro (identificado desde o lugar do supereu) mas depois vem cobrar,
insistentemente, pelo desejo negado. Ele não se arrepende – ele acusa.
O afeto do ressentimento, mantido laboriosamente pelo sujeito, faz função de
resistência, a um só tempo:
1. Contra o desejo recusado;
2. Contra o arrependimento pela recusa. Ao mesmo tempo, como toda solução de
compromisso, o ressentimento pode ser visto como um meio de gozo.
Nesse ponto, devemos buscar entender sua articulação privilegiada com a
melancolia.
É um gozo adiado e deslocado, mas nunca renunciado.
O que indica a presença do gozo, obviamente, é a repetição, a insistência da
queixa e da acusação ressentidas.
sábado | 15 de maio de 2004
horário | 09h às 12h
preço
Até o dia 30/04/04: R$ 100,00
Após o dia 30/04/04: R$ 120,00