programaDeslocamentos do Feminino é o título de minha tese de doutoramento, defendida
    em 1997 e publicada em 1998 em primeira edição pela Imago (RJ). A pesquisa
    visava responder à pergunta “Quem foi a mulher freudiana?”. A fim de entender
    por que o fundador da Psicanálise, seguido por várias gerações posteriores,
    tinha tanta convicção a respeito de certas características estruturais das
    mulheres que as tornariam menos aptas que os homens para as “grandes tarefas da
    civilização”. Meu interesse pelo tema, na verdade, começou em 1988, por ocasião
    de um ciclo de conferências sobre Ética, organizado pelo Adauto Novaes. Naquele
    momento, comecei a me preocupar em debater algumas convicções freudianas a
    respeito de uma suposta inferioridade feminina no campo simbólico e,
    consequentemente, ético. O título de minha conferência foi “A Mulher e a Lei”.
    Dez anos depois, ao começar meu doutorado na PUC de São Paulo, quis retomar
    esse debate em três frentes de investigação:
    
    1. Um pouco da história das mulheres a partir do século XIX, quando a chamada
    família extensa cedeu lugar à família nuclear, característica das sociedades
    burguesas. É quando surge a figura não tão antiga quanto se imagina (as
    mulheres nas sociedades de corte, por exemplo, eram muito mais livres em vários
    sentidos e muito mais poderosas também) da dona de casa recatada, restrita à
    vida doméstica e aos cuidados com os filhos. Mulheres cuja insatisfação —
    sexual, existencial, psíquica — manifestava-se através dos sintomas e ataques
    histéricos.
    
    2. Em paralelo, estudei um pouco do lugar dessas mulheres como protagonistas
    trágicas dos grandes romances daquele século, com foco mais aprofundado na
    grande Madame Bovary, de Gustave Flaubert. Há diversos romances, a partir da
    segunda metade do século XIX, em que a trama gira em torno de uma mulher
    insatisfeita com o casamento que não encontra outra alternativa para o tédio a não
    ser em um amor clandestino.
    
    3. Na terceira parte, faço uma leitura crítica do lugar da mulher na Psicanálise
    freudiana (e também lacaniana). Minha crítica centra-se no fato de que tanto em
    Freud quanto também, espantosamente, em Lacan, a castração imaginária das
    mulheres (falta de um órgão sexual visível, como o pênis masculino) compareça
    na teoria para chancelar uma suposta incapacidade feminina para as “tarefas da
    cultura” (Freud).
    
    sexta-feira | 19h às 21h
    
    dirigido
    a psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, estudantes e profissionais das áreas
    da saúde
    
    preço
    até o dia 14/08/17 | R$ 160,00
    após o dia 14/08/17 | R$ 170,00