Prática(s) Clínica(s) em Psicanálise
Carina Braga, Eduardo Amaral Lyra Neto, Gustavo Dean-Gomes, José Luiz Cordeiro D. Tavares
ATIVIDADE ONLINE
PROGRAMA
Na sociedade
contemporânea, alicerçada em um utilitarismo atrelado ao desempenho sob os
ditames da efetividade, sucesso e exaltação de si mesmo, o sujeito é visto como
um empreendedor dependente de metas que, se não alcançadas, lhe condenam a uma
amarga sensação de ruína, fracasso, vazio e impotência. Neste momento, sob o
apelo do instantâneo, surgem ruídos diversos para silenciar o mal-estar como,
por exemplo, diferentes formas de adicção a drogas lícitas e ilícitas, relações
amorosas efêmeras em razão da dificuldade em lidar com o estrangeiro no outro,
comportamentos workaholic, formas variadas de vício digital, descontrole
no uso dos cartões de crédito, transtornos alimentares e manifestações
psicossomáticas.
Já não falamos mais em sexualidade, mas em sexualidades, o que impõe novas formas de pensar um tema que foi tão caro à psicanálise em seus primórdios. A perspectiva de modificar o próprio corpo em oposição ao que foi dado pelo acaso biológico possibilita trilhar caminhos transformadores tornando o homem não mais necessariamente feito à imagem e semelhança de Deus mas, sim, alguém que dá voz - e corpo - à imagem e semelhança de seu próprio desejo e projeto de existir. Há que reinventar o erotismo e reconstruir laços sociais articulados com as várias identidades sexuais e com os novos constructos binários de masculinidade e feminilidade, com os da não binariedade.
A psicanálise nasceu da observação clínica de Freud e, posteriormente a ele, importantes psicanalistas de diferentes lugares ofereceram contribuições muito significativas ao seu crescimento nos diversos lugares de sua práxis. Pensando nisso, podemos nos questionar: qual seria o estatuto de questões freudianas canônicas na prática clínica atual diante dos sofrimentos contemporâneos, independente do setting em questão (institucional, privado, presencial, online, na rua)? A partir de que outros teóricos e clínicos podemos pensar a contemporaneidade com seus sofrimentos e vicissitudes? Os novos sintomas, sofrimentos e formas de subjetivação que surgem na clínica contemporânea - onde Narciso e Godot dividem o espaço com Édipo - nos convidam a repensar a psicopatologia psicanalítica e o exercício da prática clínica.
Trata-se de
considerar não apenas o que a psicanálise diz sobre as dinâmicas na
contemporaneidade, mas, também, considerar o que elas têm a dizer à
psicanálise.
I don´t
need you, I have wi-fi, dizia um
cartaz em uma esquina da cidade e isso não pode passar desapercebido. No
imediatismo contemporâneo a relação do homem com o espaço e o tempo se
modificou dificultando a construção de uma identidade memorial no sentido de um
continuum histórico no qual as experiências seriam integradas ao longo
da escritura do sujeito. Quais seriam as
repercussões dessas modificações na prática clínica?
HORÁRIO
sábado | 9h às 12h e 13h às 16h
CRONOGRAMA DAS MESAS
DIRIGIDO
A Jornada é uma atividade gratuita, dirigida ao público em geral.
Informações e
inscrições*
11 3864 2330 | 11
3865 0017 | WhatsApp 11 97666 1249
*inscrições antecipadas
Coordenação
Carina Braga
psicanalista e supervisora clínica docente no Curso de Formação em Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP). Membro do Departamento de Psicossomática Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae. Membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi.
Eduardo Amaral Lyra Neto
psicanalista, supervisor clínico, docente do curso de formação do Centro de Estudos Psicanalíticos - CEP. É graduado também em Ciências Econômicas, com pós-graduação em Administração de Empresas. Atende adolescentes e adultos.
Gustavo Dean-Gomes
psicanalista, professor e pesquisador. Doutor em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), onde defendeu a tese Sándor Ferenczi e seus interlocutores: Silenciamento, desenvolvimento e disputa. Mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é membro do Grupo Brasileiro de Pesquisa Sándor Ferenczi. Autor de Budapeste, Viena e Wiesbaden: O percurso do pensamento clínico-teórico de Sándor Ferenczi e de diversos artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Coordena grupos de estudo sobre a obra de Sándor Ferenczi, Erich Fromm e Heinz Kohut, além de atuar como supervisor clínico.
José Luiz Cordeiro D. Tavares
psicanalista com formação pelo Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP, São Paulo). Doutorado (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e Pós-doutorado (Imperial College, UK) em Medicina. Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae (ISS). Mestrado (PUC-SP) e Doutorado em curso (PUC-SP) em Literatura articulando literatura e psicanálise na obra de Nelson Rodrigues. Autor de publicações em livros e periódicos na interface literatura-psicanálise. Membro dos grupos "Shakespeare e Psicanalise" da Sociedade Brasileira de Psicanálise e "Psicanalise e Cultura" do ISS. Coordenador dos núcleos de Literatura e Psicanálise no CEP e no ISS. Docente do curso de formação em Psicanáliise no CEP.
Palestrantes
Bernardo Godoi
doutor em Psicologia (área de concentração: Estudos Psicanalíticos) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Mestre em Ciência da Religião (área de concentração: Filosofia da Religião) pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Psicólogo, psicanalista. Atualmente, realiza o pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFMG, na área de Estudos Psicanalíticos, e participa do Laboratório Psicanálise no Século XXI (Lab21/UFMG)
Brunella Rodriguez
psicóloga e psicanalista, mestre e doutora em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da USP. Membro da ABPCF - Associação Brasileira de Psicanálise de Casal e Família, Supervisora Clínica e Institucional e Pesquisadora e estudiosa dos temas Psicanálise de Casal e Família, Sexualidade e Gênero.
Carla Belintani
psicóloga e psicanalista, integrante dos grupos de trabalho “Psicanálise e Cultura” e “Sobre o envelhecimento” do Departamento de Psicanálise do a Instituto Sedes Sapientiae. Integrante do projeto A Casa Frida - Luto, Arte e Psicanálise.
Claudia Aparecida Barros Sagula
psicóloga, pedagoga, psicopedagoga, psicanalista, voluntária na coordenação do Projeto Ponte Curumim de atendimento psicológico à pais migrantes e adolescentes migrantes e Professora no Curso Clínica com Migrantes.
Emília Estivalet Broide
formada em Psicologia pela PUC-RS; psicanalista, pos doutora em Psicologia Clínica pela USP, doutora em Psicologia Social pela PUC-SP, mestre em Saúde Pública pela FSP-USP. Consultora e supervisora na área da Saúde, Assistência Social, Educação e Direitos Humanos. Integrante do Laboratório de Psicanálise Sociedade e Política da USP. Autora do livro "A supervisão como interrogante da práxis analítica: desejo de analista e transmissão da psicanálise", ed. Escuta e coautora dos livros: "A Psicanálise em Situações Sociais Críticas: Metodologia, Clínica e Intervenções" ed. Escuta; "População de Rua: Pesquisa Social Participativa", ed. Juruá; "Pode Pá: Uma Nova Abordagem na Aplicação de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto", ed. Ateliê Editorial, 2016, além de diversos artigos em psicanálise.
Ernani Chaves
professor titular da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Pará. Tradutor de Freud para as Obras Incompletas da Editora Autêntica.
Fernanda Fazzio
psicóloga, psicanalista e idealizadora do podcast Era da Pre(s)sa. Atualmente, é doutoranda em Psicologia Clínica (IP-USP) e membra do GBPSF.
João Pedro Campos
bacharel em Engenharia de Sistemas (UFMG), mestre em Inteligência Artificial (ENSTA Paris) e doutorando em otimização e aprendizado de máquina (UFMG). Tem experiência nas áreas de visão computacional e processamento de linguagem natural. Atualmente, pesquisa redes Bayesianas e inteligência artificial explicável, bem como as interseções entre psicanálise, matemática e IA. Tem interesse também por epistemologia e filosofia da ciência. É membro do laboratório ORCS da Escola de Engenharia da UFMG e pesquisador do grupo de pesquisa Lab21: Psicanálise no Século XXI, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG.
Lisette Weissmann
pós doutora, doutora e mestre em Psicologia. Psicanalista de casais, famílias e individual. Membro do departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientae e de ABPCF. Professora do CEP, professora convidada no Sedes Sapientiae e na USP. Livros escritos: Famílias Monoparentais, Atendimento Psicanalítico de Família, Interculturalidade nos vínculos familiares, Parejas y famílias migrantes.
Marcelo Soares da Cruz
psicanalista e supervisor clínico, doutor e mestre em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. Possui especialização em Teoria Psicanalítica pela PUC-SP e em Dependência Química pelo Departamento de Psiquiatria da Unifesp. Realizou aperfeiçoamento em Psicoterapia Focada na Transferência com Otto Kernberg no Instituto de Transtornos de Personalidade, na Universidade Cornell. Atua como professor e supervisor em programas de formação em psicanálise e saúde mental, entre eles o curso Psicopatologia Psicanalítica e Clínica Contemporânea (Sedes Sapientiae), a Formação em Psicanálise (CEP-SP), O Barato no Divã, CRR-UFSCar, Especialização em Clínica Winnicottiana (Unicsul) e Hcor Academy/ PUCPR. É coorganizador dos livros Toxicomania e Adições: A Clínica Viva de Olievenstein (Editora Benjamin) e Cadernos HabitAT (Editora Dobra).
